Esta noite, vamos
os dois ladrar às estrelas!
Se eu fosse um cão, um simples labrador, de pelo negro e a doçura no olhar, que nasce durante a vida feliz em família e ganha brilho na curta velhice, que em nós, cães, a existência dura apenas o tempo de uma primavera humana!
Se eu fosse esse
labrador, teria morrido há um ano, meio cego e trôpego, mas ainda assim feliz, por
ser amado, alimentado, amado, cuidado, amado, depois de um último passeio, numa
noite tépida e serena de verão, sem sofrimento, nem solidão, como se adormecesse
apenas, nas sombras de ternura, do meu lar.
Devolvido ao
universo, em poeira cintilante das estrelas ou em energia negra, como os meus
olhos_ quem o pode saber?...estaria agora nesse imenso campo verde onde Dante
colocou as almas dos heróis, poetas e filósofos
da antiguidade, nascidos antes do batismo ser concedido aos humanos, que não
aos caninos, criadores das odisseias, dos grandes coros e das primeiras cidades
abertas a todas as crenças da Humanidade, existira ali, sem carecer de forma,
ou do bafo criador, dos primitivos deuses. Mas não esperaria por Ele, pelo
braço de Deus recolhendo essas almas puras. Antes, escolheria o caminho de regressar
da morte.
Olharia então, sem
necessitar de olhos, para a minha casa distante, ou sem distância, e, pela noite,
uma noite sem tempo, a minha presença dormiria encostada aos corpos e,
sobretudo às mãos, a todas as mãos, que me acarinharam a fronte. E acordaríamos
de manhã, já sem peso no coração, como se a morte nada fosse… a minha presença,
de novo nos seus passos.
Não, já não
precisais de recordar, olhai-me sempre, no fundo dos olhos, regressado da morte,
simplesmente.
Esta noite, vamos
os dois ladrar às estrelas!
Se eu fosse um
cão, um simples labrador, de pelo negro e a doçura no olhar, que nasce durante
a vida feliz em família e ganha brilho na curta velhice, que em nós, cães, a
existência dura apenas o tempo de uma primavera humana!
Se eu fosse esse
labrador, teria morrido há um ano, meio cego e trôpego, mas ainda assim feliz, por
ser amado, alimentado, amado, cuidado, amado, depois de um último passeio, numa
noite tépida e serena de verão, sem sofrimento, nem solidão, como se adormecesse
apenas, nas sombras de ternura, do meu lar.
Devolvido ao
universo, em poeira cintilante das estrelas ou em energia negra, como os meus
olhos_ quem o pode saber?...estaria agora nesse imenso campo verde onde Dante
colocou as almas dos heróis, poetas e filósofos
da antiguidade, nascidos antes do batismo ser concedido aos humanos, que não
aos caninos, criadores das odisseias, dos grandes coros e das primeiras cidades
abertas a todas as crenças da Humanidade, existira ali, sem carecer de forma,
ou do bafo criador, dos primitivos deuses. Mas não esperaria por Ele, pelo
braço de Deus recolhendo essas almas puras. Antes, escolheria o caminho de regressar
da morte.
Olharia então, sem
necessitar de olhos, para a minha casa distante, ou sem distância, e, pela noite,
uma noite sem tempo, a minha presença dormiria encostada aos corpos e,
sobretudo às mãos, a todas as mãos, que me acarinharam a fronte. E acordaríamos
de manhã, já sem peso no coração, como se a morte nada fosse… a minha presença,
de novo nos seus passos.
Não, já não
precisais de recordar, olhai-me sempre, no fundo dos olhos, regressado da morte,
simplesmente.
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