sexta-feira, 19 de junho de 2020

Portugal 45: Na morte do Gaspar, o labrador da família, velho ou jovem, de 14 anos?

 Esta noite, vamos os dois ladrar às estrelas!
Se eu fosse um cão, um simples labrador, de pelo negro e a doçura no olhar, que nasce durante a vida feliz em família e ganha brilho na curta velhice, que em nós, cães, a existência dura apenas o tempo de uma primavera humana!
Se eu fosse esse labrador, teria morrido há um ano, meio cego e trôpego, mas ainda assim feliz, por ser amado, alimentado, amado, cuidado, amado, depois de um último passeio, numa noite tépida e serena de verão, sem sofrimento, nem solidão, como se adormecesse apenas, nas sombras de ternura, do meu lar.
Devolvido ao universo, em poeira cintilante das estrelas ou em energia negra, como os meus olhos_ quem o pode saber?...estaria agora nesse imenso campo verde onde Dante colocou as almas dos heróis,  poetas e filósofos da antiguidade, nascidos antes do batismo ser concedido aos humanos, que não aos caninos, criadores das odisseias, dos grandes coros e das primeiras cidades abertas a todas as crenças da Humanidade, existira ali, sem carecer de forma, ou do bafo criador, dos primitivos deuses. Mas não esperaria por Ele, pelo braço de Deus recolhendo essas almas puras. Antes, escolheria o caminho de regressar da morte.
Olharia então, sem necessitar de olhos, para a minha casa distante, ou sem distância, e, pela noite, uma noite sem tempo, a minha presença dormiria encostada aos corpos e, sobretudo às mãos, a todas as mãos, que me acarinharam a fronte. E acordaríamos de manhã, já sem peso no coração, como se a morte nada fosse… a minha presença, de novo nos seus passos.
Não, já não precisais de recordar, olhai-me sempre, no fundo dos olhos, regressado da morte, simplesmente.

Esta noite, vamos os dois ladrar às estrelas!
Se eu fosse um cão, um simples labrador, de pelo negro e a doçura no olhar, que nasce durante a vida feliz em família e ganha brilho na curta velhice, que em nós, cães, a existência dura apenas o tempo de uma primavera humana!
Se eu fosse esse labrador, teria morrido há um ano, meio cego e trôpego, mas ainda assim feliz, por ser amado, alimentado, amado, cuidado, amado, depois de um último passeio, numa noite tépida e serena de verão, sem sofrimento, nem solidão, como se adormecesse apenas, nas sombras de ternura, do meu lar.
Devolvido ao universo, em poeira cintilante das estrelas ou em energia negra, como os meus olhos_ quem o pode saber?...estaria agora nesse imenso campo verde onde Dante colocou as almas dos heróis,  poetas e filósofos da antiguidade, nascidos antes do batismo ser concedido aos humanos, que não aos caninos, criadores das odisseias, dos grandes coros e das primeiras cidades abertas a todas as crenças da Humanidade, existira ali, sem carecer de forma, ou do bafo criador, dos primitivos deuses. Mas não esperaria por Ele, pelo braço de Deus recolhendo essas almas puras. Antes, escolheria o caminho de regressar da morte.
Olharia então, sem necessitar de olhos, para a minha casa distante, ou sem distância, e, pela noite, uma noite sem tempo, a minha presença dormiria encostada aos corpos e, sobretudo às mãos, a todas as mãos, que me acarinharam a fronte. E acordaríamos de manhã, já sem peso no coração, como se a morte nada fosse… a minha presença, de novo nos seus passos.
Não, já não precisais de recordar, olhai-me sempre, no fundo dos olhos, regressado da morte, simplesmente.

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