sexta-feira, 10 de julho de 2020

Portugal 63: Como se manipula a informação na TV e os direitos do telespectador 3


Exmo Sr Provedor Queira, por favor,  rever os noticiários.

O pivot, justificou o golpe com a "fraude" eleitoral, supostamente  anunciada pela delegação da OEA, quando em nenhum dos pontos do referido Relatório se usa a classificação de fraude, refere-se de forma vaga e imprecisa a existência de atas com irregularidades.( uma notícia falsa, repetida mil vezes, torna-se uma verdade impositiva).
Em seguida, serviu-se de uma peça filmada em La Paz que mostra os partidários do golpe na rua festejando, a câmara fixa os cartazes e faixas onde se escrevem palavras de ordem contra a "ditadura" de Evo e o "terror" do seu regime, e, preparado o ambiente para a mensagem política, dá a voz a um manifestante que repete os mesmos slogans. O pivot está em silêncio, a peça fala por ele.
É óbvio que não se trata de uma reportagem da RTP, talvez o Sr. Provedor nos possa informar  da sua origem, já que nada foi dito nessa matéria.
O tempo que deram ao presidente Evo Morales,  resume-se a uma denúncia telegráfica, é irrisório e nada tem a ver com a minha crítica: não há contraditório, nem contextualização histórico política, nem recurso ao pluralismo das fontes de informação, nem triagem das notícias falsas.
O meu texto de protesto não cabe nos 1500 caracteres que nos concedem, mas nele sugeria aos senhores responsáveis pela informação, os links para algumas dessas fontes diversas, e para determinar a fiabilidade e pertinência das notícias. Como poderá comprovar, se tiver tempo para ler a versão completa que o seu mail, afinal, me proporcionou enviar.
Com os meus cumprimentos
PS: Aproveito para enfatizar que as reportagens da RTP sobre outros países do "eixo do mal", parecem seguir a mesma linha. é o caso da  Venezuela. As notícias que visam o regime bolivariano, não têm nem contraditório, nem contextualização  histórico política, nem o recurso as fontes plurais amplamente acessíveis ( a opinião do Papa Francisco, por exemplo), nem triagem das falsas notícias e os segundos em que aparece o presidente Maduro, alimentam a imagem de um líder tresloucado... Se, por milagre, a câmara da RTP, que por lá andou, fizesse um grande plano sobre a corrente que Nicolás Maduro traz ao pescoço, poderia surpreender o mundo ocidental, revelando que o símbolo dos chavismo não é o do rosto do líder falecido ou de uma seita criptosocialista, mas o de Cristo Redentor!
Estranhos tempos, Sr. Provedor, que não cabem nem nos 1500 caracteres, nem na esmola de alguns segundos, retirados aos futebóis e às tricas políticas, no quadro de um debate partidário e cívico, democrático, com muros à prova dos grandes temas da política internacional.

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