segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Portugal 94: Do filme Gaiola Dourada: Fado," De Deus tudo aceito, Desde que possa morrer (viver) em Portugal".


O último filme português que nos fez rir foi um dos de Vasco Santana, e voltamos agora a rir, cinquenta anos depois ( só isto, já é obra), de nós e do "outro" na terra de promissão, agora recolocado (a) na mesma dimensão humana e europeia.
Estamos gratos à França, que nos acolheu como emigrantes, mas nada lhe devemos, tudo foi pago em trabalho.
Não vi nenhum cliché, apenas a arte do filme que transforma o cliché em matriz sociológica, ou melhor, estética da 7ª arte e não em texto de academia.
A chave do filme está no seu climax final, não na festa, foguetório de ironias sobre os nossos ícones da alegria, mas na inesperada escolha do jovem casal franco-luso de vir viver para Portugal, para a douro vinhateiro, património da humanidade levantado a pá e picareta.
Mas compreenderá a europa comunitária esta mensagem? E os nossos jovens quadros, expatriados para o seu mercado, voltarão a morrer (viver) em Portugal?
Sobre tudo isto prevalece o sublime das imagens colhidas na paisagem do Douro...é neste frame que a arte do filme se encontra com a Filosofia.

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