sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Portugal 8: No trajecto para a Feira de S. Mateus...

No trajecto para a Feira de S. Mateus, capto na estrada o gesto fortuito da humana solidariedade. Primeiro
surge no alcatrão vidrado pelo sol o tronco nu de um rapagão, que enfrenta o calor de Agosto pedalando sobre a bicicleta carregada de mochilas, a bandeirola alemã flutuando sobre o suporte traseiro. Uns metros depois o companheiro, boné de pala protegendo a cabeça, inclina a máquina sobre o muro raso de uma pequena quinta e a velha camponesa, que regava a horta, aproxima-se para lhe refrescar o pescoço e as costas com a mangueira demasiado curta. Como se terão entendido estes dois seres separados pela idade, a língua e diferentes destinos: o dos que construíram e fabricaram “o milagre alemão “ e o daqueles outros, que dele colheram a paz e o lazer. Estamo-vos gratos, oh! grande Alemanha, pelo pão dado a ganhar aos nossos emigrantes. Eles já pagaram com o seu suor a dívida nacional, mas falta acertar as contas com a pátria madrasta.

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