terça-feira, 2 de agosto de 2011

Portugal 7: O homem era o capital mais precioso! Até chegar a guerra da Coreia

O homem era o capital mais precioso! Até chegar a guerra da Coreia e enterrar sobre as montanhas azuis
dois milhões de mortos coreanos, fulminados pelos céus a longa e segura distância. Comandantes de um exército de cadáveres heróicos, os generais chineses vestiram a bata branca dos cientistas e esperaram trinta anos para transformar os mísseis em sistemas computorizados, estes em foguetões e sentar na bancada sem mácula, as mãos grossas mas tremendamente delicadas dos seus camponeses. Com a mesma arte que recortou o papel usado e caro, em filigrana, transformou o duro bambu em tenro alimento e venceu a repugnância da carne de todos os viventes, o chinês laborioso e sociável, já sem fome da terra expropriada, trocou a farda de miliciano e pôs-se em marcha na direcção oposta à Grande Muralha.

Enquanto isso, imprevisível mudança, mas paradoxo do mundo: entre as areias ardentes, uma nova raça de soldados tornou obsoletos os manuais de West Point e da velha Albion. Cinco mil anos da arte da guerra, baseada na capacidade de injectar no coração e no cérebro do inimigo o medo e pânico da morte, inúteis, perante o sacrifício supremo de gente comum, como tu, ou como eu: recém casados pais de família, estudantes das novas tecnologias, jovens enfermeiras, deixando-se matar e matando em trincheiras de barro ou no gesto comum do nosso anónimo quotidiano. Fazem-no pela recompensa eterna? Não sei!? Tão pouco importa a razão na guerra, lá, os meios justificam os fins.

_E agora? Que ides fazer para a guerra? Mais satélites? Hiroximas? Ou uma nova Resolução da ONU? Mas sobretudo, não me venham com a condenação moral do fanatismo, a guerra moderna voltou a ser a guerra, total e sem convenções, para além dos vossos condomínios fechados e, mesmo, dentro deles. Não existe o lugar de refúgio. E se há uma grande diferença entre o oficial disciplinado e o bombista suicida, não há nenhuma distância entre ambos e a guerra.

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