sábado, 2 de maio de 2020

Portugal 27: Era uma noite de lua despedaçada e Pio Baroja caminhava devagar entre os rochedos do molhe.


Cumprimentei-o comovido: tinham passado mais de 50 anos depois que escrevera o seu livro sobre o País Vasco e entre os turistas de Donostia havia agora crianças fascinadas deambulando no túnel de luz do seu aquário, como outrora  o velho mestre entre os socalcos da montanha, banhados por um clarão azul. 
Os ossos brancos, da grande baleia crucificada, erguiam-se como um derradeiro brado, celebrando a liturgia do sangue que se fez pão.
No Museu, entre guerrilheiros bascos condecorados na Guerra do Pacífico  e ao lado de Magalhães, Sebastião Delcano saía das sombras.
As nuvens descobriram subitamente o velo cru do luar: Os pescadores, continuavam a sua faina!
E lembrei-me de Unamuno, contemplando o drama da paisagem de Castilla.
Espero que os dois caminhem lado a lado no Paraíso, contando-se mutuamente sonhos e histórias intermináveis.

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