quarta-feira, 22 de março de 2017

Não

Não, não desaparecemos, morremos apenas desta morte
                                                                                        humana
E subimos ao cosmos numa nuvem de moléculas e átomos
e quarks
E descemos às profundezas da Terra
infinitamente dispersos pelas nascentes, as turfas, as lavas
o coração ardente de Gaia
Mas ignoramos o destino da Alma, Espírito ou Consciência
Ninguém respondeu ainda, de ciência certa, ao grito de Unamuno:
“Para onde vai?”
Mesmo os mais sábios ( e condoídos) físicos, que no nosso leito de morte
                                                                                                                  perscrutam
com olhos de raio X, a explosão de luz que anula toda a dor e angústia
                                                                                                                final (?)
apenas sabem, que A perderam de vista
E nenhum sacerdócio, ungido pelo panteão dos deuses mais temidos
e poderosos
A trouxe de novo à nossa humana presença
Talvez só os que amaram verdadeiramente,
no luto,
nesse caos de ternura e sofrimento
no sal incorruptível das lágrimas que jorram da memória,
sobretudo à noite,
a noite imensa e luminosa onde, seres únicos, mas não sós,
tomamos consciência de pertencer ao universo,
talvez só eles, os que amaram verdadeiramente,
possam testemunhar essa Presença absoluta
Mas nada sabemos sobre, “para onde vai a nossa consciência?”
Oh Unamuno!
Com que olhos ( a almaconsciência) vê o mundo?
Ou será o Universo?
Como passa além do silêncio dos astros?
Se viaja, sozinha, ou existe apenas, sem peso, nem espaço, nem tempo,
nem movimento,
em comunhão das Almas, Espírito ou Consciência?
Dos que amámos!?

António Carvalho, inédito

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